A fluência em um segundo idioma, especialmente no inglês, abre portas no mercado de trabalho e na vida acadêmica. Porém, poucas pessoas usufruem destes benefícios no Brasil. Segundo um estudo realizado pelo British Council em 2014, apenas 1% da população brasileira afirmou ser fluente na língua inglesa. Esse panorama pode mudar, nos próximos anos, com uma maior quantidade de matrículas de crianças em escolas bilíngues, por exemplo.
A educação simultânea em duas línguas é prevista na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que orienta as práticas educacionais no Brasil. Mesmo assim, o bilinguismo suscita dúvidas nas famílias. Há quem ache que o processo prejudica a alfabetização, e que a melhor opção é esperar a chegada da adolescência ou até mesmo da vida adulta.
Mas será que tudo isso é verdade? Saiba a seguir:
O ensino da segunda língua prejudica a alfabetização na língua materna?
Existem inúmeros países multilíngues. É o caso da África do Sul, que tem o recorde mundial de idiomas oficiais: onze, entre eles o inglês. Outros exemplos conhecidos são Canadá, Luxemburgo e Guiana.
Nestes locais, os indivíduos desenvolvem a fluência em múltiplas línguas desde os primeiros anos de vida. E há diversos benefícios no bilinguismo quando adquirido ainda na infância. De acordo com um ensaio publicado pela revista Ciências & Cognição, crianças bilíngues apresentam uma consciência metalinguística mais precocemente quando comparadas às monolíngues. Da mesma forma, elas têm um desempenho superior nas tarefas com maior demanda de funções cognitivas.
Ou seja, o ensino de uma segunda língua não apenas facilita a alfabetização na língua materna como também é benéfico ao desenvolvimento humano. É verdade que durante o processo de aquisição do bilinguismo a criança pode misturar palavras de idiomas diferentes, o que faz parte da aprendizagem. Mas a diferenciação costuma ser melhor assimilada com o passar do tempo.
O ensino da segunda língua pode prejudicar o desenvolvimento da fala?
Ao contrário. O contato com uma língua estrangeira na infância contribui com o desenvolvimento da fala. Em escolas bilíngues, os estudantes são submetidos à imersão em elementos culturais do inglês, por exemplo, o que contribui positivamente para a aquisição de habilidades cognitivas. Em especial, a comunicação.
Desde o útero, os indivíduos são capazes de distinguir os diferentes idiomas de acordo com os sons. E mesmo na infância já se conta com uma maior capacidade de assimilação de detalhes e armazenagem de informações na memória. Consequentemente, o potencial de fluência e pronúncia é maior do que comparado ao desempenho de pessoas que têm contato com a segunda língua apenas mais adiante.
Qual é a idade ideal para começar a aprender a segunda língua?
De acordo com uma pesquisa do Massachusetts Institute of Technology (MIT), o auge do aprendizado de uma segunda língua ocorre aos dez anos. É nessa idade que a criança possui uma melhor noção das estruturas gramaticais.
No entanto, sabe-se que nos primeiros 12 anos de vida as sinapses – como são chamadas as comunicações entre os neurônios – estão em seu máximo desempenho, tornando o cérebro capaz de eliminar informações inúteis e manter as úteis, o que expande capacidades. Portanto, o contato com idiomas além da língua materna pode começar desde muito cedo.
A família deve falar a segunda língua?
Embora seja positivo que a família da criança ou do adolescente fale a segunda língua, não se trata de um pré-requisito ao aprendizado. Afinal, as escolas bilíngues são responsáveis por proporcionar uma experiência imersiva, contando com equipes pedagógicas e professores preparados para oferecer aulas que ajudem os alunos na construção da fluência.
O que pais, mães e responsáveis devem fazer é estimular o consumo de recursos que propiciem o aprofundamento dos conhecimentos. É o caso de livros, filmes e séries no idioma. Ao mesmo tempo, é importante que a família conheça a proposta educativa da instituição de ensino para saber quais resultados deve esperar. Dessa forma, é possível acompanhar a evolução das crianças e adolescentes.
E se meu filho não se adaptar ao ensino bilíngue?
A escola e os professores devem acompanhar o desempenho dos alunos e adequar o ensino a particularidades individuais, caso existam. Se um estudante apresentar dificuldades, a instituição deve oferecer uma atenção especial, para que ele não fique para trás em relação ao desenvolvimento dos colegas.
Nesse contexto, também é necessário haver um controle de qualidade do ensino, além do incentivo à formação continuada dos docentes. O Twice cumpre os requisitos ao promover supervisões às suas franquias ao longo do ano, o que acontece por meio de palestras, workshops e acompanhamento de aulas, além da elaboração de relatórios de performance.