É inegável que o bilinguismo abre portas no mercado de trabalho. Ser fluente em um segundo idioma, especialmente o inglês, praticamente virou requisito básico no preenchimento de vagas profissionais de diversos setores, em especial o de tecnologia. Uma pesquisa da Catho constatou que essa habilidade pode render um salário 83% superior em comparação com o de uma pessoa que não sabe falar inglês. E, dependendo do caso, a remuneração pode ser ainda maior.
Assim, o ensino bilíngue está diretamente associado a um futuro de sucesso. E não só pela questão financeira. A língua inglesa é a mais falada no mundo. Em um mundo cada vez mais globalizado, o domínio do idioma é uma das skills mais relevantes.
O problema é que apenas 3% da população brasileira é fluente em inglês. Em relação à proficiência, os dados de 2022 colocam o País em 58º lugar no ranking elaborado pela EF Education First.
A aplicação das normas previstas na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) pode melhorar – e muito – este cenário. A seguir, vamos conhecer os benefícios do ensino bilíngue citados no documento que rege a educação brasileira desde 2018.
Benefícios do ensino bilíngue, segundo a BNCC
O texto da BNCC considera as línguas adicionais (ou seja, não nativas) como “ferramentas de comunicação que potencializam a participação ativa dos indivíduos em um mundo globalizado e plural”. Por isso, o documento institui o inglês como única língua adicional obrigatória na área de Linguagens a partir do 6º ano do Ensino Fundamental. Cumprido esse requisito, outros idiomas podem ser ofertados pelas escolas, de forma interdisciplinar, o que é um dos pilares do ensino bilingue.
Como já mencionado, os benefícios de saber um segundo idioma vão além de conquistar uma boa colocação profissional. Sob a ótica da BNCC, aprender uma nova língua contribui para:
- Maior capacidade de pensamento crítico;
- Ampliação das possibilidades de interação e mobilidade, que abrem novos percursos de construção de conhecimentos e continuidade nos estudos ao longo do Ensino Básico;
- Possibilidade de uma educação voltada para a interculturalidade;
- Expansão das capacidades expressivas ao promover práticas culturais, artísticas e musicais;
- Reconhecimento, compreensão e respeito às diferenças;
- Atendimento ao princípio de interdisciplinaridade estabelecido pela própria normativa do MEC.
O bilinguismo também é uma boa alternativa para solucionar um problema comum nas escolas: a falta de engajamento. Isso porque um princípio básico desse modelo de ensino é a imersão cultural, algo central para gerar interesse e envolvimento com o conteúdo e, consequentemente, efetivar a aprendizagem.
Mas a BNCC tem algumas lacunas. Ao contrário de outros documentos balizadores da educação brasileira, ela não determina objetivos de aprendizagem para as línguas adicionais. Também não indica formas de verificar o nível de proficiência de crianças e adolescentes, nem diferencia os tipos de instituições de ensino bilíngue presentes no Brasil.
A expectativa é que surjam regras específicas assim que o Ministério da Educação (MEC) homologar as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) para a oferta de Educação Plurilíngue, aprovadas pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) em 2020. O documento define temas como porcentagem do currículo dedicada ao ensino bilíngue e requisitos mínimos dos docentes que atuam na área.
O que os especialistas dizem sobre o ensino bilíngue
Mesmo com essas brechas, o documento do MEC não foi formulado sem uma base concreta. Pelo contrário: levou em conta evidências científicas que vêm sendo analisadas desde a década de 1960, quando os psicólogos Elizabeth Peal e Wallace Lambert, da Universidade McGill, no Canadá, comprovaram que a habilidade de falar dois idiomas não prejudica o desenvolvimento. Nos testes que realizaram, pessoas bilíngues tiveram um desempenho melhor que o das monolíngues.
Com o aprofundamento das pesquisas, caiu por terra o mito de que as crianças expostas a esse tipo de aprendizagem pudessem confundir a língua materna com a estrangeira. “A neuroplasticidade é muito maior na infância, tornando mais fácil a aquisição de outra língua nessa fase”, explicou Adriana Duarte, coordenadora de pós-graduação em Formação de Professores para Educação Bilíngue da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), em webinar promovido pelo portal Rhyzos Educação.
Especialista em aquisição de linguagem em um ambiente bilíngue, a fonoaudióloga Karin Genaro reforça que não há nenhum problema em se aprender dois idiomas concomitantemente. Durante uma live realizada no Instagram da Organização das Escolas Bilíngues (OEBi), ela afirmou: “O importante é ofertar esse segundo idioma dentro de um contexto pedagógico, inserido em uma rotina, em que as crianças possam vivenciar a língua com essa interação”.
Rhyzos & Twice
A Rhyzos é uma holding que leva informações sobre educação a profissionais da área por meio do Portal Rhyzos e da newsletter Conexão Rhyzos, pesquisa práticas educacionais mundo afora e atua na formação de educadores através da Academia Rhyzos. Além disso, investe em soluções para o Ensino Básico, como o programa bilíngue oferecido pelo Twice, destinado a atender as necessidades de docentes e alunos da Educação Infantil ao Fundamental II.