Um dos principais desafios da educação bilíngue das mais de cem escolas bilíngues presentes no Brasil é a qualificação do corpo docente.
Se formar alunos no ensino básico tradicional é uma tarefa complexa, a educação bilíngue ainda exige conhecimentos e habilidades específicas do professor. Não por acaso, os profissionais dedicados à modalidade são raros e disputados no mercado de trabalho.
Eles são responsáveis pelo desenvolvimento do método de ensino bilíngue e contribuem diretamente para o aprendizado do estudante. Portanto, precisam ser fluentes nos idiomas para construir uma comunicação natural com os alunos, além de passar a confiança que a família procura nos educadores.
Mas, como veremos a seguir, essa não é a única habilidade necessária.
Competências do professor bilíngue
O Brasil não possui uma legislação dedicada à formação docente na educação bilíngue, o que gera discussões sobre quais são as competências fundamentais.
Em geral, os especialistas defendem que o professor conheça as fases do desenvolvimento infantil e tenha estratégias para alcançar todos os alunos, tornando o ensino bilíngue contextualizado e adequado às distintas realidades e interesses da comunidade escolar.
Vale destacar que o papel do professor ultrapassa os conhecimentos e habilidades da sua disciplina. No livro Dez Novas Competências para Ensinar, o autor Philippe Perrenoud sugere que, além do domínio do conteúdo, os docentes desenvolvam competências de caráter inovador e interpessoal.
Entre elas, estão as seguintes:
· Domínio sobre os processos e fatores envolvidos no letramento de dois idiomas;
· Entendimento dos conceitos de aquisição da primeira e da segunda língua;
· Valorização da pluralidade cultural;
· Conhecimento de metodologias educacionais bilíngues;
· Domínio das diversas áreas do saber.
Formação continuada
Na prática, pouco vale a instituição ter materiais didáticos, plataformas digitais e projetos inovadores se os docentes não têm uma visão clara dos objetivos do programa, domínio de técnicas de sala de aula e familiaridade com metodologias ativas.
Ou seja, a capacitação docente no ensino bilíngue passa também pela adoção de estratégias de formação continuada nessas áreas. Por fim, as escolas devem promover a qualificação em concordância com o programa bilíngue utilizado pela instituição.
Um exemplo é a realização de treinamentos, cursos e oficinas relacionadas ao projeto pedagógico, auxiliando o professor na preparação de atividades, avaliações, projetos interdisciplinares, entre outras ferramentas de aprendizagem. (fim de texto)